O grunge, nascido no meio dos anos 80 no Noroeste do Pacífico, é uma fusão de diversos estilos de música pesada. Embora seja geralmente associado a riffs carregados, vozes intensas e letras introspectivas, várias bandas do movimento exploraram territórios psicodélicos em suas composições.
A influência de grupos clássicos como The Beatles, The Doors, Led Zeppelin, The Stooges e Black Sabbath resultou em um estilo visceral de rock com distorção, tempos irregulares e identidades sonoras únicas para cada banda. Enquanto Alice in Chains ficou conhecida por suas harmonias sombrias e Nirvana pelos refrões cativantes, estas bandas ocasionalmente mergulharam em experimentações psicodélicas.
O Soundgarden foi um dos grupos mais enraizados no rock psicodélico da cena de Seattle. Sua canção “Searching With My Good Eye Closed”, do álbum “Badmotorfinger” (1991), apresenta uma qualidade onírica e atmosférica. Chris Cornell comentou sobre a faixa: “Havia algo realmente psicodélico nela. Acho que havia algo naquele mundo da psicodelia independente que ainda era meio pesado e que podíamos fazer bem.”
O Alice in Chains explorou elementos coloridos em sua discografia, com destaque para “Rotten Apple” do EP acústico “Jar of Flies” (1994). A faixa soa como uma viagem de ácido no Velho Oeste, com acústicas etéreas e harmonias hipnóticas de Layne Staley que funcionam mais como um instrumento do que vocais principais.
Entre todas as bandas grunge, o Screaming Trees foi a mais influenciada pela psicodelia. “Halo of Ashes” do álbum “Dust” (1996) se destaca pelo tom de guitarra oriental que produz o mesmo efeito hipnótico de um sitar, combinando intensidade com texturas alucinógenas.
O Pearl Jam também teve seus momentos psicodélicos, como em “Nothing As It Seems” do álbum “Binaural” (2000). O trabalho de guitarra de Mike McCready induz ao transe, enquanto Eddie Vedder mantém seu registro mais baixo, entregando vocais de forma gentil e inquietante.
O Mad Season, supergrupo que incluía membros do Alice in Chains e Pearl Jam, abriu seu único álbum “Above” (1995) com “Wake Up”, uma canção que começa com um vibrafone – instrumento raro no rock. A instrumentação etérea combinada com os vocais de Staley cria uma montanha-russa de consciência durante seus sete minutos e meio.
Outras bandas como Skin Yard, Melvins, Mother Love Bone e Green River também produziram faixas psicodélicas notáveis. “The Blind Leading the Blind” do Skin Yard foi um dos primeiros exemplos de psicodelia na cena grunge de Seattle, enquanto “Boris” dos Melvins cria um efeito de transe através da repetição hipnótica do riff principal.
O Mother Love Bone usou o piano em “Chloe Dancer/Crown of Thorns” para criar uma atmosfera etérea e onírica, com os vocais de Andrew Wood flutuando sobre a instrumentação leve. Já o Green River, pioneiro do gênero, explorou novos territórios na faixa “Rehab Doll”, combinando grunge, stoner rock e psicodelia.
Essas explorações sonoras demonstram que o grunge não era sempre cinzento e sombrio, mas também tinha momentos coloridos que expandiram os limites do movimento.



