Poucos timbres conseguem atravessar décadas e permanecer instantaneamente reconhecíveis. O de Brian Connolly, vocalista original do Sweet, é um desses. A cada grito rasgado, a cada nota cristalina, sua voz parecia equilibrar dois mundos: a fúria elétrica do hard rock e a sedução colorida do glam.
Nascido em 5 de outubro de 1945, em Glasgow, Escócia, Connolly carregava no DNA a dureza da vida operária. Mas foi no palco, envolto em purpurina, couro e luzes estroboscópicas, que ele se transformou em ícone de uma geração que queria tanto dançar quanto desafiar convenções.
O Sweet e a explosão glam
Nos anos 70, o Sweet surgiu como uma das bandas mais emblemáticas do glam rock britânico, ao lado de nomes como Slade, T. Rex e David Bowie. Com figurinos extravagantes, maquiagem ousada e uma sonoridade que misturava ganchos pop com guitarras pesadas, o grupo rapidamente conquistou as paradas.
Brian Connolly era o rosto e a voz dessa revolução. Canções como “Ballroom Blitz” (1973) e “Fox on the Run” (1974) se tornaram hinos, não apenas pela energia contagiante, mas pela forma como Connolly entregava cada verso: teatral, vibrante, quase como se desafiasse o público a não se deixar levar.
O contraste por trás do brilho
Mas por trás da maquiagem e dos holofotes, Connolly travava batalhas intensas. O peso da fama, os excessos da estrada e, principalmente, os problemas de saúde — agravados por agressões que afetaram suas cordas vocais — começaram a limitar sua potência no palco.
Na virada dos anos 80, afastado do Sweet original, Connolly tentou seguir carreira solo, mas jamais recuperou totalmente o vigor da juventude. Ainda assim, seguiu se apresentando, mantendo viva a chama de sua conexão com os fãs.
Legado que não se apaga
Brian Connolly faleceu em 9 de fevereiro de 1997, aos 51 anos. Sua partida precoce deixou um vazio, mas também uma certeza: o Sweet não teria sido o mesmo sem sua presença magnética e seu timbre inconfundível.
Hoje, quando ouvimos aquelas introduções explosivas — “Are you ready, Steve? … Andy? … Mick? … Alright fellas, let’s go!” — é impossível não sentir o espírito de Connolly vibrando. Ele não foi apenas um vocalista de uma banda glam: foi uma das vozes que ajudaram a moldar o som e a estética do rock nos anos 70.
A sua história é um lembrete de que o rock não vive apenas de riffs. Vive de personagens maiores que a vida, que ousaram transformar palco em espetáculo e música em catarse coletiva.
Brian Connolly é, sem dúvida, um desses nomes. Um ícone que merece ser lembrado não só pela fama passageira, mas pela intensidade de cada nota que entregou ao mundo.
								
															


