Flemming Rasmussen, produtor de três álbuns do Metallica, revelou em recente entrevista à rádio chilena Futuro que continua sem compreender por que o baixo de Jason Newsted foi praticamente removido da mixagem final do álbum “…And Justice for All”, lançado em 1988.
Durante a entrevista, Rasmussen contou que Lars Ulrich, baterista do Metallica, tem o costume de mostrar os novos álbuns para ele após a finalização. Quando Ulrich apresentou “…And Justice for All”, o produtor reagiu com surpresa: “O que é isso? Não, não é a mixagem. Você esqueceu o baixo”, disse ele. “Mas não há baixo ali.”
O álbum em questão foi o terceiro trabalho consecutivo de Rasmussen com o Metallica, após “Ride the Lightning” e “Master of Puppets”. Inicialmente, ele não iria participar da produção devido a outros compromissos profissionais, mas acabou reorganizando sua agenda a pedido da banda.
Quando chegou a Los Angeles para finalizar o projeto, os mixadores Steve Thompson e Michael Barbiero já haviam sido contratados. Segundo Rasmussen, os integrantes do Metallica ouviram o trabalho inicial e fizeram exigências específicas: “Onde está o som da minha bateria? Onde está o som da minha guitarra?”. Lars então teria solicitado: “Agora abaixe o baixo para que você mal possa ouvi-lo”. Após a mudança, o baterista pediu para abaixar ainda mais três decibéis.
“Foi Lars e James [Hetfield] que decidiram isso, e por que eles fizeram isso, eu já perguntei mil vezes. Eu não sei”, admitiu o produtor.
Rasmussen especula que a ausência do baixo pode estar relacionada ao luto pela perda do antigo baixista Cliff Burton, que faleceu em um acidente de ônibus em 1986, aos 24 anos. “Acho que a razão pela qual eles abaixaram o baixo, 50% dela é porque eles estavam em turnê com o Van Halen e voaram para ouvir a mixagem. Acho que foi nesse momento que Lars e James perceberam: ‘Não temos mais o Cliff. Não é o baixo dele. É um som totalmente diferente’.”
Além disso, o produtor sugere que a mixagem também pode ter sido uma extensão das provocações que Newsted sofreu ao ingressar na banda. “O que eles mais odiavam em Jason era que ele era um grande fã do Metallica. Então, sempre que pediam algo a ele, ele simplesmente fazia. Acho que abaixaram o volume só para irritá-lo, porque esperavam que ele dissesse: ‘Podem aumentar o baixo?’. E ele provavelmente nunca disse isso.”
Apesar da frustração com a mixagem final, Rasmussen destacou um lado positivo: “…And Justice for All” foi apontado como o principal álbum que inspirou pessoas a formarem suas próprias bandas. “Então, se você quer começar uma nova banda, não seja baixista”, brincou.
